Por Repórter de Campo Frida da
Silva
A segunda
Assembleia Popular, na Cinelândia, reuniu nesta quarta-feira, em frente às
escadarias da Câmara, dezenas de cidadãos dispostos a debater publicamente
sobre a participação popular em questões concernentes ao legislativo municipal.
A comoção em relação aos presos políticos do dia 15 permeou a reunião, fruto do
movimento Ocupa Câmara, que permaneceu por dois meses nas escadarias do Palácio
Pedro Ernesto.
Antes de a
roda de debates começar, todos cantaram músicas entoadas nas manifestações, como
"Não adianta, me reprimir, esse governo vai cair!" e "Ocupar,
resistir, lutar para garantir", em um clima de muita emoção, devido à
prisão, naquele mesmo cenário, de dezenas de pessoas, algumas das quais participavam
do Ocupa e da Assembleia Popular. Na roda, professores, estudantes, integrantes
de movimentos sociais, alguns dos presos do dia 15 e outros cidadãos cariocas debateram
por mais de duas horas sobre diversas propostas de ações populares no âmbito
legislativo.
Dentre os
temas debatidos no segundo encontro da Assembleia, estiveram a proposta de
realização de uma investigação independente sobre a questão dos ônibus e a
criação de um projeto de lei para a tarifa zero. Além disso, discutiu-se sobre
a necessidade de se reformar o regimento interno da Câmara dos Vereadores,
sobre a questão das remoções de comunidades para novas construções, sobretudo
visando à Copa e às Olimpíadas, e sobre a privatização da saúde pública no Rio.
Também
foram feitas diversas manifestações de apoio aos presos políticos ao longo dos
debates. Eles se articulam agora para organizar um dossiê com relatos sobre as
experiências na prisão, incluindo abusos e ameaças sofridas por alguns, e
estudam a possibilidade de ações judiciais contra o Estado e órgãos de
imprensa.
Um
estranho no ninho carioca, um dos integrantes do movimento Occupy Wall Street,
que parou o centro financeiro de Nova Iorque, em 2011, também esteve na
assembleia. No Rio por quatro dias, o jovem está acumulando relatos e
informações sobre as manifestações e ocupações que tem ocorrido na cidade. Em
sua curta fala na roda, ele repetiu o grito que nasceu como símbolo dos adeptos
da tática black bloc e ganhou ampla adesão entre os manifestantes: "Uh!
Uh! Uh!", imitou ele, arrancando risos da roda.
O terceiro
encontro da Assembleia Popular está marcado para a próxima quarta-feira, dia
30, quando se dará início à Comissão Popular de Investigação dos Ônibus.
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