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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

QUANDO O POVO DELIBERA


Por Repórter de Campo Frida da Silva

A segunda Assembleia Popular, na Cinelândia, reuniu nesta quarta-feira, em frente às escadarias da Câmara, dezenas de cidadãos dispostos a debater publicamente sobre a participação popular em questões concernentes ao legislativo municipal. A comoção em relação aos presos políticos do dia 15 permeou a reunião, fruto do movimento Ocupa Câmara, que permaneceu por dois meses nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto.
Antes de a roda de debates começar, todos cantaram músicas entoadas nas manifestações, como "Não adianta, me reprimir, esse governo vai cair!" e "Ocupar, resistir, lutar para garantir", em um clima de muita emoção, devido à prisão, naquele mesmo cenário, de dezenas de pessoas, algumas das quais participavam do Ocupa e da Assembleia Popular. Na roda, professores, estudantes, integrantes de movimentos sociais, alguns dos presos do dia 15 e outros cidadãos cariocas debateram por mais de duas horas sobre diversas propostas de ações populares no âmbito legislativo.
Dentre os temas debatidos no segundo encontro da Assembleia, estiveram a proposta de realização de uma investigação independente sobre a questão dos ônibus e a criação de um projeto de lei para a tarifa zero. Além disso, discutiu-se sobre a necessidade de se reformar o regimento interno da Câmara dos Vereadores, sobre a questão das remoções de comunidades para novas construções, sobretudo visando à Copa e às Olimpíadas, e sobre a privatização da saúde pública no Rio.
Também foram feitas diversas manifestações de apoio aos presos políticos ao longo dos debates. Eles se articulam agora para organizar um dossiê com relatos sobre as experiências na prisão, incluindo abusos e ameaças sofridas por alguns, e estudam a possibilidade de ações judiciais contra o Estado e órgãos de imprensa.
Um estranho no ninho carioca, um dos integrantes do movimento Occupy Wall Street, que parou o centro financeiro de Nova Iorque, em 2011, também esteve na assembleia. No Rio por quatro dias, o jovem está acumulando relatos e informações sobre as manifestações e ocupações que tem ocorrido na cidade. Em sua curta fala na roda, ele repetiu o grito que nasceu como símbolo dos adeptos da tática black bloc e ganhou ampla adesão entre os manifestantes: "Uh! Uh! Uh!", imitou ele, arrancando risos da roda.
O terceiro encontro da Assembleia Popular está marcado para a próxima quarta-feira, dia 30, quando se dará início à Comissão Popular de Investigação dos Ônibus. 

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