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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

GOVERNO DO ESTADO SE NEGA A RECEBER PROFESSORES


Por Repórter de Campo Frida da Silva
 
O ato unificado de professores das redes municipal e estadual e da Faetec, em Laranjeiras, terminou, no começo da noite de ontem, sem que o grupo fosse recebido pelo Governo do Estado. Após passarem a tarde inteira em frente ao cordão de isolamento da Polícia Militar, na Rua Pinheiro Machado, à espera de uma reunião com algum representante do governo estadual, no Palácio Guanabara, os professores e cidadãos marcharam em passeata de volta ao Largo do Machado, onde o protesto havia começado pela manhã.
No trajeto de volta ao ponto inicial da manifestação, os professores foram aplaudidos e receberam o apoio de muitos moradores do bairro de Laranjeiras, que piscavam as luzes de seus apartamentos em resposta ao coro que cantava: "Quem apoia, pisca a luz!". Por volta das 19h, alguns professores e manifestantes seguiram até a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ao longo de todo o dia, o ato foi pacífico, sem qualquer tipo de violência, nem prisão.
Representantes dos três segmentos de professores presentes tentaram pelo menos duas vezes negociar com o comando da Polícia Militar para que três educadores pudessem entrar no Palácio Guanabara, mas o oficial informou que não havia ninguém na sede do governo para recebê-los.
Durante o ato, tanto os professores estaduais quanto os municipais enfatizaram, ao microfone, o desejo de dialogar com o governo estadual e a prefeitura sobre suas pautas de reivindicações, mas, diante da recusa em recebê-los, continuam em greve. "Este discurso (do Eduardo Paes) de que tem que sair da greve para negociar é uma contradição. Se não tem negociação, então nós continuamos em greve", enfatizou um professor que discursava no Largo do Machado, pela manhã.
Os profissionais da educação também demonstraram-se insatisfeitos com a cobertura jornalística dos protestos feita pelos grandes veículos de comunicação, que recentemente enfocaram a aproximação entre professores e black blocs, contribuindo ainda mais para o processo de criminalização das manifestações. "A gente se sente impotente. Não temos como fazer frente à grande mídia. O foco não deveria ser se apoiamos ou não black blocs, mas a nossa defesa da educação pública de qualidade", protestou a coordenadora-geral do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Marta Moraes.

Diversos professores esclareceram que todos os movimentos sociais que apoiem a greve são bem-vindos aos protestos, inclusive os grupos de mascarados - os quais estiverem presentes em número muito reduzido, somente no fim da manifestação de ontem, ajudando no bloqueio do trânsito, no percurso final até o Largo do Machado. Mais cedo, um dos professores foi aplaudido após dizer ao microfone: "Os black blocs não precisam do nosso apoio para ir às ruas. Eles vão agir. Mas eu sou muito grato a esses garotos por não deixarem o segmento da educação ser tratado como cachorro". Outra professora comentou: "Nós somos contra a ação truculenta da polícia, seja contra black blocs, contra professores, contra quem for".
O Sepe denunciou que professores da rede municipal que estão em estágio probatório – ou seja, que têm menos de três anos de contratação - estão sofrendo pressão da prefeitura para saírem da greve. Segundo eles, ess
es professores receberam telegramas da secretaria municipal de educação, exigindo que justifiquem suas faltas nos próximos dias e se apresentem para uma avaliação da sua situação.
Com o anúncio do corte de ponto retroativo pela secretaria municipal de educação, muitos profissionais sentem-se coagidos a voltarem ao trabalho, apesar do direito constitucional à greve. No entanto, a greve continua e a categoria prepara-se para outra grande manifestação, no dia 15, na Candelária.

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