Por Repórter de Campo Frida da
Silva
O ato unificado de professores das redes municipal e
estadual e da Faetec, em Laranjeiras, terminou, no começo da noite de ontem, sem
que o grupo fosse recebido pelo Governo do Estado. Após passarem a tarde
inteira em frente ao cordão de isolamento da Polícia Militar, na Rua Pinheiro
Machado, à espera de uma reunião com algum representante do governo estadual, no
Palácio Guanabara, os professores e cidadãos marcharam em passeata de volta ao
Largo do Machado, onde o protesto havia começado pela manhã.
No trajeto de volta ao ponto inicial da manifestação, os
professores foram aplaudidos e receberam o apoio de muitos moradores do bairro
de Laranjeiras, que piscavam as luzes de seus apartamentos em resposta ao coro
que cantava: "Quem apoia, pisca a luz!". Por volta das 19h, alguns
professores e manifestantes seguiram até a Assembléia Legislativa do Rio de
Janeiro. Ao longo de todo o dia, o ato foi pacífico, sem qualquer tipo
de violência, nem prisão.
Representantes dos três segmentos de professores presentes
tentaram pelo menos duas vezes negociar com o comando da Polícia Militar para
que três educadores pudessem entrar no Palácio Guanabara, mas o oficial
informou que não havia ninguém na sede do governo para recebê-los.
Durante o ato, tanto os professores estaduais quanto os
municipais enfatizaram, ao microfone, o desejo de dialogar com o governo
estadual e a prefeitura sobre suas pautas de reivindicações, mas, diante da
recusa em recebê-los, continuam em greve. "Este discurso (do Eduardo Paes)
de que tem que sair da greve para negociar é uma contradição. Se não tem
negociação, então nós continuamos em greve", enfatizou um professor que
discursava no Largo do Machado, pela manhã.
Os profissionais da educação também demonstraram-se
insatisfeitos com a cobertura jornalística dos protestos feita pelos grandes
veículos de comunicação, que recentemente enfocaram a aproximação entre
professores e black blocs, contribuindo ainda mais para o processo de criminalização
das manifestações. "A gente se sente impotente. Não temos como fazer
frente à grande mídia. O foco não deveria ser se apoiamos ou não black blocs,
mas a nossa defesa da educação pública de qualidade", protestou a
coordenadora-geral do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio
de Janeiro (Sepe-RJ), Marta Moraes.
Diversos professores esclareceram que todos os movimentos
sociais que apoiem a greve são bem-vindos aos protestos, inclusive os grupos de
mascarados - os quais estiverem presentes em número muito reduzido, somente no
fim da manifestação de ontem, ajudando no bloqueio do trânsito, no percurso final
até o Largo do Machado. Mais cedo, um dos professores foi aplaudido após dizer
ao microfone: "Os black blocs não precisam do nosso apoio para ir às ruas.
Eles vão agir. Mas eu sou muito grato a esses garotos por não deixarem o
segmento da educação ser tratado como cachorro". Outra professora
comentou: "Nós somos contra a ação truculenta da polícia, seja contra black
blocs, contra professores, contra quem for".
O Sepe denunciou que professores da rede municipal que
estão em estágio probatório – ou seja, que têm menos de três anos de
contratação - estão sofrendo pressão da prefeitura para saírem da greve. Segundo
eles, ess
es professores receberam telegramas da secretaria municipal de
educação, exigindo que justifiquem suas faltas nos próximos dias e se
apresentem para uma avaliação da sua situação.
Com o anúncio do corte de ponto retroativo pela secretaria
municipal de educação, muitos profissionais sentem-se coagidos a voltarem ao
trabalho, apesar do direito constitucional à greve. No entanto, a greve
continua e a categoria prepara-se para outra grande manifestação, no dia 15, na
Candelária.
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